Sabemos que os juros influenciam diretamente no comportamento dos consumidores, das empresas, do setor público e na economia em si. No Brasil, a SELIC é a taxa básica de juros que serve de parâmetro para todas as demais taxas, intervindo diretamente no crédito, nos investimentos e nos financiamentos de longo prazo.
Ok. Agora que você possui essas informações você pode estar se perguntando o que pode acontecer com investimentos que dependem de financiamento de longo prazo, tendo em vista que tende a mudar de acordo com o cenário econômico brasileiro.
Mas, para que você consiga entender esse questionamento, vamos primeiro entender a situação da taxa básica de juros agora em 2024, e como ela está influenciando no custo do crédito.
As oscilações na taxa básica de juros
As oscilações na taxa básica de juros vêm sendo bem marcante no Brasil, isso porque o Banco Central vem tentando controlar a inflação para consequentemente estimular o desenvolvimento da economia.
A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizada para influenciar a atividade econômica, impactando diretamente nos empréstimos, investimentos e nos financiamentos.
Ok, já entendemos que o Banco Central varia o valor da taxa básica de juros quando percebe uma necessidade de segurar a inflação, e com isso, interfere diretamente no custo do crédito.
O ciclo de aumento e diminuição da taxa
Com a crise econômica que o país enfrentou em 2015, a Selic diminui de forma significativamente, chegando, com o a pandemia de COVID-19, em 2020, à 2%, o valor mais baixo de toda a história.
Esse movimento ocorreu como uma maneira de estimular a economia em um momento vulnerável.
Todavia, a inflação voltou a crescer a partir de 2021, e o Banco Central percebendo esse aumento, elevou a taxa para níveis superiores à 13%, onde está atualmente.
O que precisa ser levado em conta dessa movimentação toda é que o custo dos financiamentos de longo prazo é afetado diretamente por esses altos e baixos das taxas.
Veja, quando a Selic está alta, os financiamentos aumentam encarecem, desestimulando as pessoas a investirem em projetos de longo prazo, como por exemplo, em infraestrutura, inovação tecnológica, e no mercado imobiliário.
Agora, quando essa taxa está em baixa, o cenário dos negócios melhora de condições, porque o acesso ao crédito é facilitado, vez que esse é disponibilizado em maiores quantidades.
Então, consequentemente, as condições de financiamento são melhores nesses momentos.
Financiamento for voltado para o mercado imobiliário
Ok. E se o financiamento for voltado para o mercado imobiliário?
Primeiro, é importante saber que esse é um dos setores que mais sofrem com essa flutuação das taxas de juros, porque a esmagadora maioria de financiamentos habitacionais do país estão atrelados à Selic.
Nesse caso, quando essa taxa sobe, as taxas de juros para os financiamentos imobiliários sobem junto, tornando a aquisição de imóveis mais caras nesses períodos.
Isso gera uma estagnação do mercado, porque, obviamente, as demandas diminuem muito, prejudicando, principalmente, as classes média e baixa.
Em contrapartida, quando a Selic cai, os financiamentos imobiliários ficam muito mais acessíveis, estimulando o desenvolvimento do mercado.
Qual o efeito dessa taxa em financiamentos de projetos de infraestrutura e nas empresas?
As empresas, sobretudo as grandes, são muito impactadas pelas oscilações das taxas de juros, porque o custo do capital é diretamente dependente da Selic.
Nesse sentido, quando essas taxas crescem, o acesso ao crédito também aumenta, inibindo interesse em expandir, porque é um momento ruim de investir.
Esse movimento fica ainda mais evidente nos projetos de infraestrutura, porque são bastante caros, então normalmente os investimentos ocorrem através de financiamentos de longo prazo.
Outros setores que também funcionam nessa mesma dinâmica são os de energia, transportes e saneamento básico, que precisam de baixos juros para conseguir viabilizar seus projetos.
E na sustentabilidade, qual a influencia desses juros?
Esse é outro setor que é extremamente sensível às variações da Selic, porque as empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento e em projetos sustentáveis dependem muito dos financiamentos de longo prazo, por isso precisam de baixas taxas de juros para conseguir botar em prática suas iniciativas.
Hoje, no Brasil, a demanda por energia renovável e tecnologias verdes está em crescente, gerando necessidade de investimentos nesses projetos sustentáveis.
Assim, as taxas de juros mais baixas incentivariam as empresas que buscam a se adaptar a essa evolução, quanto o aumento dos juros atravancariam essa implementação.
Está bem. Mas sabendo de tudo isso você deve estar preocupado com o que pode esperar da trajetória do juros no Brasil, tendo em vista que ele influencia direta e indiretamente em toda a economia.
Perspectivas para o futuro
O amanhã depende de muitos fatores, sendo eles internos e externos.
Internamente, o Banco Central vai continuar atento à inflação, ao crescimento econômico e ao fisco, e seguirá movimentando as taxas numa tentativa de equilibrar esses fatores.
Externamente, a economia global e as políticas monetárias de grandes bancos centrais, com o Federal Reserve, dos EUA, influenciarão e muito o comportamento dos juros aqui no Brasil.
Em um cenário otimista, com a inflação controlada e a economia se recuperando, é provável que o Brasil mantenha suas taxas de juros mais baixas à longo prazo, possibilitando assim o acesso ao crédito de forma facilitada e, consequentemente, promovendo um momento favorável para financiamentos de longo prazo.
Todavia, se houver algum crescimento brusco na inflação, ou até mesmo uma crise fiscal, o Banco Central pode se ver forçado à subir essas taxas novamente.
Todas as informações presentes neste e em outros artigos Appoca podem passar por mudanças. Verifique atualizações com as instituições e empresas citadas.
REFERÊNCIAS
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